Análise simbólica das transformações de borkoff e o custo das ambições em berserk
A história de Borkoff, o Apóstolo, revela camadas profundas sobre ambição e sacrifício no universo de Berserk.
A narrativa complexa de Berserk, obra-prima de Kentaro Miura, frequentemente se aprofunda no simbolismo por trás das transformações grotescas dos Apóstolos e da própria mão divina. Uma análise detalhada da trajetória de um desses personagens, Borkoff, ilumina as consequências brutais da busca por poder e glória.
Borkoff, cujo nome original evoca a sonoridade russa, carrega vestígios de sua humanidade que se manifestam em sua aparência e história pré-Apostolado. Em sua forma humana, ele é retratado como um lancer, uma figura que historicamente carrega lanças e armaduras pesadas. A armadura que o cobria integralmente sugere imediatamente um guerreiro dedicado à luta física, talvez um soldado ou gladiador.
A natureza brutal e a busca por reconhecimento
Ao observar a transição de Borkoff para sua forma de Apóstolo, certos traços se tornam proeminentes. A notável força de seu maxilar e sua constituição robusta, observadas tanto na forma humana quanto na monstruosa, indicam uma natureza inerentemente bruta. Essa fisicalidade extrema sugere que, em vida, ele era alguém que confiava na força esmagadora para triunfar.
Um elemento crucial em sua narrativa antecedente é o flagrante de Borkoff lutando em uma arena contra um ogro. Este cenário não é um mero detalhe, mas sim um forte indicativo de sua motivação central: a busca incessante por glória. Para um indivíduo que lutava em arenas, o reconhecimento público por feitos de força era o ápice da existência, um desejo que, no mundo de Berserk, fatalmente o conduziu ao sacrifício.
O enigma do nome Volkov
O nome original do personagem, “Volkov”, traduzido do russo como “Lobo”, adiciona uma camada interessante ao seu perfil. Embora a conexão direta com suas ações ou sua transformação final possa não ser imediatamente óbvia, o simbolismo do lobo é universalmente associado a caçadores ferozes, selvageria e, paradoxalmente, a uma vida de matilha ou solidão predatória. Essa dualidade pode refletir a natureza do Apóstolo: um predador poderoso que perdeu seus laços sociais em troca de poder individual.
A jornada até se tornar um servo de Griffith, o líder da Mão de Deus, exige o sacrifício supremo, um tema recorrente que define a tragédia do universo criado por Miura. Personagens como Borkoff representam o preço da ambição desmedida, onde desejos humanos básicos como reconhecimento e poder escalam para um horror cósmico. A análise de sua aparência e atividades passadas serve para humanizar, ainda que minimamente, a criatura que ele se torna, evidenciando que a escuridão dentro dele já estava presente muito antes do Eclipse.