Aprofundamento na saga naruto: A profecia de jiraiya jamais foi cumprida?

A saga de Naruto, desde seus primórdios, foi intrinsecamente ligada à ideia de paz duradoura, um ideal que atormentou seu mentor, Jiraiya, por toda a vida. A crença em uma Criança da Profecia, destinada a quebrar o ciclo secular de ódio do mundo shinobi, serviu como a força motriz por trás de muitas tragédias e esperanças. Jiraiya depositou sua fé inicialmente em Nagato, mas após a desilusão causada pelo incidente com Hanzo, ele redescobriu a esperança em Konoha, com o jovem Naruto Uzumaki.

O Falso Fim da Profecia

A morte de Jiraiya, sacrificial e esclarecedora, cimentou a crença popular de que Naruto era, inquestionavelmente, o escolhido. A vitória na Quarta Grande Guerra Ninja, que encerrou o conflito contra Kaguya Otsutsuki e Obito Uchiha, foi celebrada como a concretização da profecia. Contudo, uma análise mais rigorosa revela que o que se seguiu não foi paz, mas sim uma trégua precária.

O silêncio que se instalou após o conflito global foi estruturado sobre bases instáveis. Essa aparente calma era sustentada por três pilares frágeis: o medo mútuo entre as nações, a memória fresca de uma aniquilação iminente e a unidade temporária forjada contra um inimigo comum. Uma quietude baseada no terror não é sinônimo de paz genuína, aquela que Jiraiya sonhava.

O Retorno das Sombras em Boruto

A subsequente narrativa, vista em Boruto: Two Blue Vortex, ilustra o colapso inevitável dessa estrutura. Com o passar da geração da guerra, as ambições nacionais retornam, a busca por poder ressurge e tensões latentes se manifestam sob uma camada fina de tranquilidade. Este cenário sugere que o ciclo de ódio ainda não foi quebrado, e a missão de Naruto, portanto, não foi finalizada.

Se a paz prometida ainda não foi alcançada, o papel do Sétimo Hokage não pode ser considerado cumprido. Sua ausência, após ser selado por Momoshiki Otsutsuki no selo Daikokuten, levanta a possibilidade de um retorno estratégico, não apenas para auxiliar a nova geração, mas para encerrar a narrativa iniciada por Jiraiya.

Caminhos para a Realização Final

A retomada do personagem Naruto, se ocorrer, deve servir a um propósito temático maior do que o mero resgate de poder. Em vez de uma ressurreição de Kurama, por exemplo, sua volta idealmente envolveria uma evolução ligada ao seu estado de aprisionamento ou aos seus laços com a linhagem Sábia, talvez através de um entendimento mais profundo do chakra ligado à Árvore Divina.

O Desfecho Temático de Sasuke Uchiha

Em paralelo, o papel de Sasuke Uchiha assume uma importância crucial que transcende o combate físico. Como o rival, o único verdadeiro igual e o espelho que testou os ideais de Naruto, seu destino final deve ser simbólico. Em vez de um papel centrado em batalhas, Sasuke atuaria como o narrador final da jornada de seu amigo.

Essa conclusão daria a Sasuke um fechamento significativo, servindo como o testemunho definitivo da jornada de Naruto. O ponto culminante de seu arco seria validar o sacrifício final do Sétimo Hokage, confirmando que a promessa de Naruto se cumpriu não pela sobrevivência, mas pela escolha derradeira de romper o ciclo de ódio, mesmo ao custo da própria vida. É o cumprimento da promessa que o próprio Naruto fez: quebrar o ciclo, ainda que lhe custasse a vida.

Este desfecho, que ecoa princípios literários como o sacrifício heroico no ápice do significado, permitiria que a nova geração herdasse um mundo genuinamente renovado, honrando a máxima de que, embora a pessoa se vá, a Vontade do Fogo é, finalmente, transmitida.