Análise sobre a tragédia de griffith e a possibilidade de cura de guts na obra berserk

A trajetória de Griffith em Berserk, marcada por sua ascensão meteórica e subsequente sacrifício cataclísmico, continua a ser um dos pontos mais dolorosos e debatidos da obra de Kentaro Miura. Uma das questões centrais que permeiam a narrativa é se, diante da vastidão do mundo explorado na série, haveria caminhos alternativos para curar as feridas físicas de Griffith antes do Eclipse, sem a necessidade da drástica escolha que o levou à transcendência.

A fragilidade física de Griffith após ser quebrado pelo Guardião dos Anéis despertou especulações sobre a real necessidade daquele ato extremo. O estigma de sua prisão e mutilação o colocava em um estado de paralisia, impedindo-o de realizar seu sonho de possuir seu próprio reino. A dúvida reside em se a Irmandade do Halcão, liderada por Guts, ou os recursos disponíveis na época, poderiam ter oferecido uma solução médica ou mística para restaurar sua condição.

O dilema entre cura e ambição

A narrativa sugere fortemente que a decisão de Griffith foi motivada pela impaciência e pelo desejo absoluto de poder imediato. Para ele, a cura lenta e incerta, dependente de métodos desconhecidos em um mundo cheio de mistérios, era inferior à transformação instantânea, mesmo que custasse tudo o que ele possuía e amava. Esta visão reflete um profundo conflito entre a lealdade e o sonho pessoal levado ao extremo do egoísmo.

Pensar em alternativas de cura exige considerar o nível de conhecimento arcano disponível dentro do universo de Berserk. Embora existam fadas, espíritos e a magia associada ao Reino das Trevas, a posse dessas magias de restauração seria algo que exigiria tempo, viagens perigosas ou pactos, exatamente o que Griffith não estava disposto a aceitar. Sua condição era uma prisão, e a única porta de saída que ele visualizou era a ascensão celestial.

A perspectiva de Guts e a busca incessante

Se Guts e seus companheiros tivessem percebido a gravidade da situação de Griffith antes do fatídico massacre, a busca por um curandeiro lendário ou um artefato de cura poderia ter se tornado o novo foco da Banda do Halcão. Contudo, a dinâmica entre Guts e Griffith já estava desgastada pelo ciúme e pela necessidade de liberdade de Guts. A separação ocorreu, e a urgência do tempo esgotou qualquer possibilidade de intervenção externa coordenada.

Mesmo que a cura fosse possível através de meios mágicos, o custo emocional e físico para alcançá-la provavelmente seria imenso, algo que o Griffith pré-Eclipse, obcecado por sua imagem de perfeição, dificilmente aceitaria como um caminho viável. Sua tragédia é, em última análise, a negação de sua própria humanidade em nome de um sonho maior, ignorando os laços que poderiam ter sido sua salvação terrena.