Análise explora a quebra de lógica narrativa em kimetsu no yaiba sob a ótica de poderes
Uma análise detalhada questiona a coerência dos poderes em Kimetsu no Yaiba quando as habilidades não são tratadas como magia real, focando em Zenitsu e Tanjiro.
A interpretação dos efeitos visuais e das habilidades de combate em Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) levanta um ponto crucial sobre a consistência interna da narrativa: se as manifestações de poder dos Caçadores de Demônios são meramente metáforas visuais e não efeitos reais, a história corre o risco de desmoronar sob o peso de feitos sobre-humanos.
A premissa que sustenta muitas sequências de luta é a de que as técnicas de Respiração são apenas estilos de artes marciais avançadas, sem componentes mágicos inerentes, uma distinção feita para manter os Caçadores em um plano diferente dos poderes demoníacos, que são claramente sobrenaturais. No entanto, ao examinar proezas específicas, essa dicotomia se torna insustentável.
O paradoxo da velocidade de Zenitsu Agatsuma
Um dos exemplos mais citados para ilustrar essa inconsistência envolve Zenitsu Agatsuma e sua habilidade com a Respiração do Trovão. Em um momento notável da primeira temporada, após executar o “Sexto Estilo”, Tanjiro Kamado, à distância, reage percebendo a ausência de nuvens de tempestade, sugerindo que o efeito sonoro intenso do ataque não foi acompanhado pela manifestação climática correspondente.
O problema reside na velocidade extrema atingida. A execução do Sexto Estilo resultou em um estrondo sônico in-universe, indicando que Zenitsu quebrou a barreira do som. Se esse ato - realizado enquanto ele está inconsciente ou dormindo, mas ainda reagindo ao ambiente - é apenas um aprimoramento físico extremo dentro de um estilo de luta, o personagem se torna um super-soldado com capacidades que o colocam muito acima de outros espadachins e até mesmo de certos demônios superiores. Essa performance desafia a noção de que ele está operando puramente em um nível físico aprimorado.
A física solar de Tanjiro e a Respiração Hinokami Kagura
O protagonista, Tanjiro Kamado, apresenta outro desafio conceitual com a Respiração Hinokami Kagura. Este estilo, com sua conexão direta com o sol - a fraqueza fundamental dos demônios, explorada há mil anos pelo criador da técnica -, é retratado com efeitos visuais de fogo intenso.
Argumenta-se que se a Hinokami Kagura apenas simula o efeito mortal do sol através de movimentos diferenciados, a implicação científica é absurda. Para replicar o poder danoso da luz solar sobre demônios, Tanjiro estaria, em tese, gerando radiação ultravioleta ou até mesmo raios gama simplesmente através de cortes aéreos. Tal capacidade, se explicada apenas como um movimento especializado, introduz uma física fantástica que supera a descrença mais facilmente aceita para o gênero.
A dificuldade reside na aceitação de que Zenitsu atinge velocidades supersônicas por pura técnica física, enquanto Tanjiro emite radiação solar imitada. Manter a coerência narrativa exige que esses efeitos energéticos e de velocidade sejam considerados manifestações reais de uma forma de magia ou energia intrínseca, tornando os Caçadores de Demônios, em essência, magos que utilizam metais para canalizar seus feitiços, em vez de apenas atletas sobre-humanos.