Análise sugere que o poder de rickert sobre griffith reside na negação emocional e na natureza astral dos seres em berserk

Uma interpretação sobre o universo de Kentaro Miura aponta que a capacidade de Rickert agredir Griffith se conecta à natureza emocional dos seres astrais.

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Analista de Mangá Shounen

23/10/2025 às 21:06

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Um evento notável na narrativa de Berserk, o momento em que Rickert consegue agredir fisicamente Griffith, tem gerado interpretações profundas sobre a estrutura de poder e a metafísica do mundo criado por Kentaro Miura. Inicialmente visto como um ato de sorte extrema ou mera ousadia, o ato ganha um novo contexto quando analisamos a natureza das manifestações astrais na obra.

A lógica por trás dessa capacidade de Rickert parece estar ligada à cosmogonia estabelecida, especialmente após revisões de capítulos anteriores, como o 83, que explicam a origem da Ideia do Mal como uma culminação de emoções humanas negativas. Se entidades astrais são, fundamentalmente, manifestações da imaginação e do sentimento coletivo, sua força reside, intrinsecamente, na crença e no impacto emocional que exercem sobre os seres conscientes.

O desapego como escudo

O ponto central desta análise reside na recusa de Rickert em reconhecer a figura atual de Griffith. Diferente dos outros membros da Banda do Falcão, ou mesmo de Guts em grande parte de sua jornada, Rickert rejeita a nova encarnação do seu antigo líder. Essa negação ativa implica que Griffith não possui a mesma ressonância emocional sobre ele.

Sem o peso da familiaridade, da lealdade passada ou do trauma que caracteriza a relação dos outros com Griffith, o apelo astral do Comandante Supremo torna-se ineficaz contra Rickert. Essencialmente, ao parar de acreditar na validade da existência daquele ser como o Griffith que ele conhecia, Rickert remove a âncora psíquica que mantém o poder de Griffith sobre si.

Implicações para Guts e o ciclo de trauma

Essa mesma dinâmica sugere um caminho para a recuperação de outros personagens centrais, notadamente Guts. O protagonista tem sido paralisado por um trauma profundo ligado a Griffith. Teorias indicam que, com Guts atualmente isolado em um local de introspecção, forçado a confrontar seu passado, ele pode iniciar um processo de cura emocional.

A capacidade de Guts de superar o controle exercido por Griffith se assemelha a uma metáfora poderosa sobre o combate ao trauma psicológico, mas que ganha uma camada literal no universo de Berserk. Se o agressor astral se alimenta do medo e da dor, a superação da reação emocional inerente desarma o inimigo. O confronto final, ou a libertação de Guts, pode depender da sua capacidade de negar o poder espectral que Griffith projeta sobre sua psique, assim como Rickert fez momentaneamente com um simples ato físico.

A complexidade da mitologia de Miura frequentemente recompensa o leitor atento, transformando confrontos físicos em ecos de batalhas intelectuais e emocionais com as forças mais primárias da existência humana no mundo de Berserk.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.