Análise aponta que itachi uchiha poderia ter sido planejado como um vilão central em naruto
Uma análise aprofundada sugere que a transição de Itachi Uchiha de antagonista para herói trágico pode ter sido uma mudança tardia no enredo de Naruto.
A trajetória de Itachi Uchiha no universo de Naruto é um dos pontos mais celebrados e debatidos da obra, frequentemente citado como um exemplo de narrativa complexa e desenvolvimento de personagem. Contudo, uma linha de raciocínio sugere que este ícone de sacrifício e redenção poderia ter sido, originalmente, concebido como um antagonista implacável para o protagonista Sasuke.
A premissa central dessa interpretação é que, durante a primeira metade da série, Itachi era apresentado estritamente como um vilão sério, motivado unicamente pelo ódio e pela destruição de seu clã. A revelação de seu papel como espião de Konoha e seu suposto amor por seu irmão teriam surgido em um estágio posterior, quando o autor precisava fechar os arcos narrativos de Sasuke e Itachi.
A ausência de pistas prévias e a introdução tardia de elementos conspiratórios
Um dos argumentos mais fortes reside na falta de indícios concretos sobre a suposta conspiração em Konoha que forçou Itachi a agir. Até a confissão posterior feita por Obito Uchiha, não havia quase nada na trama que sugerisse uma trama política interna tão complexa. A ideia de Itachi ser um agente duplo infiltrado na Akatsuki também é questionada, visto que seu desempenho como espião pareceu ineficaz, contradizendo seu status de gênio ninja.
Outro ponto de inflexão que apoia a teoria da mudança de rota é a introdução do personagem Danzo Shimura. Sob essa perspectiva, Danzo surge como uma figura conveniente, quase como um retcon (referindo-se à alteração de fatos estabelecidos), sendo repentinamente encaixado em flashbacks e na narrativa presente como uma força manipuladora de longa data. Se Danzo tivesse sido central desde o início, argumenta-se, Kishimoto teria inserido aparições sutis e teasers visuais para construir a desconfiança em Konoha muito antes de sua revelação formal.
O recuo estratégico como técnica de construção de poder
A resistência de Itachi em confrontos passados, como sua retirada estratégica contra Kakashi Hatake e Jiraiya, é frequentemente interpretada pelos defensores da ideia original de vilania como uma tática narrativa. Em vez de um indicativo de lealdade oculta, esse recuo seria uma forma de o autor criar um hype e manter o mistério em torno das capacidades plenas do personagem.
O intuito seria garantir que Itachi permanecesse o grande obstáculo, o pico de poder que Sasuke precisava superar, sem esgotar suas habilidades mais impressionantes antes do clímax. Isso preservaria a aura de mistério e poder absoluto, elementos cruciais para moldar o arco de vingança de Sasuke.
Embora o criador da obra tenha afirmado em entrevistas posteriores que o plano inicial sempre envolveu a redenção e o sacrifício de Itachi, a revisitação do material original sugere que a logística para sustentar essa complexidade moral, especialmente a figura de Danzo e a ausência de pista sobre a conspiração, exigiu ajustes significativos no meio do desenvolvimento da história. A genialidade da narrativa final reside justamente em como essas peças, mesmo introduzidas tardiamente, foram costuradas para formar uma tragédia de grande impacto emocional.