Análise aponta semelhanças entre griffith/femto e a figura de lúcifer

A complexa figura de Griffith, o carismático líder da Tropa do Falcão que ascende ao poder como o demônio Femto no universo de Berserk, frequentemente inspira comparações com arquétipos mitológicos de anjos caídos. Uma análise proeminente sugere que a construção deste personagem bebe diretamente da fonte da lenda de Lúcifer, explorando temas universais de ambição extrema e beleza sedutora.

O ponto central deste paralelo reside na natureza essencial de ambos os seres. Sutilezas na narrativa apontam que tanto Griffith quanto a representação tradicional de Lúcifer compartilham uma beleza estonteante. Essa aparência angelical é fundamental, pois serve como ferramenta primária de manipulação e atração, mascarando a escuridão crescente em seus corações. A beleza, neste contexto, torna-se intrinsecamente ligada ao perigo.

A ambição como força motriz

O motor narrativo que impulsiona Griffith à sua transformação catastrófica é seu sonho inabalável: governar um reino. Este desejo de soberania absoluta ressoa com a narrativa bíblica e apócrifa de Lúcifer, cujo orgulho o levou a desejar um poder igual ou superior ao de Deus. Em ambos os casos, a ânsia por domínio transcende o razoável ou o moralmente aceitável, tornando-se uma obsessão destrutiva.

A consequência dessa ambição desenfreada é a transformação em um ser monstruoso, ainda que com aparências distintas. Enquanto Lúcifer é tradicionalmente retratado como Satanás após a queda, Femto é a manifestação física da renúncia de Griffith à sua humanidade em troca de poder ilimitado no plano astral, um ato consumado por orgulho. A transição de um líder admirado para um avatar do mal é pontuada pela mesma falha trágica: o orgulho exacerbado.

A ideia de que indivíduos dotados de grande potencial e beleza podem se tornar forças destrutivas em nome de um ideal superior é um tema recorrente na literatura, mas a aplicação em Berserk, através de Kentaro Miura, oferece uma das visões mais sombrias. A influência de figuras como Lúcifer ajuda a contextualizar o sacrifício imposto por Griffith e o impacto devastador que ele causa sobre aqueles que o seguiam fervorosamente, como Guts e Caska.

A exploração contínua dessas figuras arquetípicas mostra como histórias poderosas, como a de Berserk, se apoiam em mitologias antigas para dar profundidade e ressonância emocional aos seus conflitos centrais. O eterno fascínio por personagens belos, mas fundamentalmente falhos devido ao excesso de si mesmos, garante a relevância duradoura de Griffith/Femto no panorama da fantasia sombria.