Análise aprofundada desafia a visão comum sobre a natureza de griffith em berserk
Uma leitura focada no destino e na predeterminação sugere que Griffith não é intrinsecamente maligno, mas sim uma figura forçada por um caminho cósmico.

A complexidade moral de Griffith, um dos personagens mais polarizadores da série Berserk, é novamente posta em xeque por uma interpretação que desvia do senso comum de vilania pura. Essa abordagem sugere que os atos mais controversos do personagem podem ser menos resultado de uma escolha inerentemente má e mais um cumprimento de um destino pré-estabelecido, onde a agência moral fica severamente comprometida.
O peso da predestinação: O Rei Demônio
O cerne dessa perspectiva reside na ideia de que Griffith estava fundamentalmente escolhido para assumir o papel de Rei Demônio. Enquanto algumas adaptações podem sugerir que houve um momento de hesitação ou escolha livre, defensores dessa tese apontam para correções posteriores na narrativa que reforçam a visão de que seu caminho era inevitável. Ele não teria sido um traidor ou o maior vilão por opção, mas sim catalisado por uma força maior, quase divina, que o moldou para essa função.
Essa visão utiliza a narrativa de destino como um escudo parcial para a responsabilidade, argumentando que, se a própria estrutura do universo (ou o que é descrito como 'Deus' na mitologia da obra) o direcionou para tal, sua autonomia se torna uma ilusão. Ele seria, então, um agente de um desígnio maior, e não o motor primário da maldade.
O estado de consciência durante o Eclipse
Um ponto crucial na defesa da não malevolência de Griffith diz respeito aos eventos traumáticos do Eclipse, especificamente o atentado contra Casca. O argumento levantado é que, neste momento de máxima vulnerabilidade, com seu corpo físico torturado e sua mente em colapso, Griffith não estava plenamente consciente.
A alegação é que ele se encontrava em um estado de sonho ou dissociação profunda, incapaz de exercer controle racional sobre seus atos. Se a mente não está 'presente', a capacidade de consentimento ou de repreensão moral fica comprometida, transformando a ação em um reflexo de um pesadelo do qual ele não conseguiria despertar.
A relação com a princesa
Outro aspecto frequentemente debatido envolve o encontro de Griffith com a princesa. Diferentemente da interpretação padrão de violência forçada, esta análise sugere que houve consentimento mútuo, ou pelo menos uma participação ativa da princesa. O fato de ela ter atuado como informante para auxiliar na fuga de Griffith é visto como evidência de uma cumplicidade implícita ou explícita com seus objetivos, minando a narrativa de que ele seria um agressor unilateral.
Tais levantamentos forçam uma reavaliação do personagem que transcende a simples dicotomia entre bem e mal. Se Griffith é um ser predestinado, levado por um sonho inatingível e um destino escrito, a complexidade de sua tragédia se aprofunda, transformando-o mais em uma entidade cósmica do que em um mero antagonista movido por ambição egoísta. Esta interpretação redefine seu papel na saga como o de um conquistador, sim, mas um amarrado ao seu papel pelo fluxo do tempo e da Causality, o conceito central de destino em Berserk, explorado extensivamente no mangá de Kentaro Miura.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.