A fusão de identidades: Analisando a contínua unidade entre femto e griffith no universo berserk

A perspectiva de que Femto e Griffith são a mesma entidade e a implicação dessa unidade para a narrativa de Berserk.

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Analista de Mangá Shounen

24/12/2025 às 21:25

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A fusão de identidades: Analisando a contínua unidade entre femto e griffith no universo berserk

A complexa dualidade entre Griffith, o líder carismático da Tropa do Falcão, e Femto, o membro da Mão de Deus, tem sido um ponto central de análise e debate entre os apreciadores da obra Berserk. Uma linha argumentativa forte sustenta a visão de que não há distinção fundamental entre as duas formas; Femto é a concretização do desejo absoluto de Griffith, mantendo a essência de sua personalidade e motivações originais.

Essa interpretação ressalta que a transformação ocorrida durante o Eclipse não foi a criação de um ser inteiramente novo, mas sim o ápice da ambição preexistente. Griffith tomou a decisão consciente de sacrificar todos ao seu redor para alcançar seu sonho de possuir um reino. O texto original que apoia essa visão enfatiza que a história nunca sugere que as entidades sejam separadas, mas que Femto é, essencialmente, o Griffith que alcançou seu objetivo final através da barganha demoníaca.

O narcisismo e o maquiavelismo do líder

Antes mesmo de sua ascensão, Griffith já demonstrava traços de um indivíduo com forte tendência narcisista e maquiavélica. Sua relação com a Tropa do Falcão, incluindo Guts e Casca, era percebida por essa ótica como utilitária. Eles eram vistos como extensões de seu sonho, ferramentas necessárias para sua ascensão, e não como um círculo de amigos ou família no sentido tradicional. A perturbação demonstrada por Griffith com a partida de Guts não seria de um amigo traído, mas de um ativo valioso retirando-se de sua posse.

A transição para Femto apenas solidificou essa mentalidade. O ato de violência contra Casca, que havia sido tentado antes, mas impedido pela fraqueza física, é visto como um ato de reafirmação de poder e controle, tanto sobre Casca quanto sobre Guts. Para a entidade, o grupo continuava sendo ferramenta a ser manipulada conforme suas necessidades de poder e controle.

A coerência da vilania

Um ponto crucial levantado é a consistência da moralidade de Griffith. Após se tornar um dos membros da Mão de Deus, ele reiteradamente afirma que “nada mudou” e que aquilo que ele é agora é o homem que sempre foi. Essa declaração é interpretada como uma admissão direta de que suas ações como soberano divino são apenas uma continuação das suas ambições pré-Eclipse, apenas liberadas de restrições físicas ou morais. O personagem foi concebido, desde o início, para ser o antagonista central da narrativa, e sua natureza inerentemente egocêntrica permanece inalterada pela divindade.

Essa visão da unidade incessante entre Griffith e Femto força o leitor a confrontar a ideia de que a tragédia de Berserk reside na inevitabilidade do sonho de um homem consumindo tudo ao seu redor, um arquétipo do vilão cuja maldade não é uma aberração pós-conversão, mas sim a raiz de sua personalidade.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.