Teoria aponta que demônios superiores em kimetsu no yaiba são alegorias de doenças históricas
Uma análise aprofundada sugere que os antagonistas de Kimetsu no Yaiba representam patologias humanas, desde sífilis a câncer.
Uma interpretação fascinante tem ganhado atenção ao analisar a obra Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer) sob uma perspectiva médica. Segundo essa linha de pensamento, a narrativa central não seria apenas uma luta contra demônios, mas uma vasta alegoria sobre a batalha da humanidade contra doenças e patologias históricas.
Os Demônios Superiores como Manifestações de Epidemias
A teoria argumenta que cada Demônio Superior possui características, origens e sintomas que ecoam doenças específicas que assolaram a humanidade ao longo dos séculos. Essa correlação transforma o conflito sobrenatural em um comentário profundo sobre a fragilidade humana.
A Dupla Lua Superior Seis: Sífilis
A Lua Superior Seis, composta por Daki e Gyutaro, é associada à sífilis. O nome humano de Daki, Ume, está ligado ao termo japonês antigo 'Baidoku' (veneno da ameixa), um sinônimo histórico para a doença. Os aspectos físicos de Gyutaro, como os dentes irregulares e as lesões cutâneas, remetem à sífilis congênita. Adicionalmente, o contexto do Distrito do Entretenimento de Yoshiwara era historicamente um foco de contaminação, reforçando a simbologia.
Outras Associações Patológicas
- Lua Superior Cinco (Gyokko): Associado à disenteria amebiana ou parasitas. Sua origem em uma vila de pescadores e sua obsessão por potes de água se ligam à contaminação hídrica. Sua forma corporal retorcida, com apêndices semelhantes a intestinos, reforça a conexão com doenças parasitárias intestinais.
- Lua Superior Quatro (Hantengu): Ligado à lepra (Doença de Hansen). As deformidades faciais e os tumores cutâneos espelham os sintomas visíveis da doença. Sua natureza covarde e isolada reflete o estigma social imposto aos doentes de lepra no passado.
- Lua Superior Três (Akaza): Conectado ao sarampo. Seu design predominante em vermelho (cabelo, cílios, roupas) dialoga com rituais antigos japoneses que usavam a cor vermelha para afastar o “demônio do sarampo”. Suas tatuagens escuras podem ser vistas como lesões cutâneas se espalhando pelo corpo.
- Lua Superior Dois (Douma): Vinculado à tuberculose, a 'Peste Branca'. Sua palidez extrema e a atração por vítimas jovens espelham os efeitos da tuberculose no sistema respiratório. Sua Arte Demoníaca de gelo, ao ser inalada, destrói os alvéolos pulmonares, mimetizando a asfixia causada pela doença.
- Lua Superior Um (Kokushibo): Claramente uma alusão à peste bubônica ou 'Peste Negra'. O nome 'Kokushibo' soa semelhante à palavra japonesa para Peste Negra (Kokushibyou). Suas manifestações finais, com tecido e lâminas saindo do corpo, lembram as lesões necróticas características da praga.
Muzan: A Representação do Câncer
O Rei Demônio, Muzan Kibutsuji, é visto como a personificação do câncer. Sua habilidade de proliferação infinita, transformando humanos em demônios (células malignas), e sua maestria em se disfarçar para evitar detecção (metástase e evasão imunológica) alinham-no perfeitamente com a doença mais temida da medicina moderna. A dificuldade em erradicá-lo, bastando uma única célula remanescente para a recorrência, solidifica essa analogia.
Os Caçadores de Demônios como Tratamentos Médicos
Se os demônios são as doenças, os Caçadores de Demônios representam as intervenções médicas e a busca pela cura. A estratégia da Tropa de Caça, neste contexto alegórico, torna-se um arsenal terapêutico complexo e, por vezes, arriscado.
Da Cirurgia à Radioterapia
A decapitação, o método primário de erradicação, simboliza a cirurgia, a remoção física da lesão principal. A espada Nichirin avermelhada, alcançada através do aquecimento da lâmina, representa a cauterização ou esterilização, inibindo a regeneração celular do inimigo.
A técnica do Mundo Transparente oferece uma visão interna do corpo, funcionalmente análoga a exames de imagem como raios-X ou tomografias, permitindo localizar pontos fracos vitais. O Selo do Caçador de Demônios, que oferece um poder imenso com um custo severo de vida limitada (raramente ultrapassando os 25 anos), é comparado diretamente à quimioterapia: um tratamento agressivo trocando a longevidade por uma chance de erradicação imediata.
A Cura Definitiva: O Sol e a Imunidade
A luz solar é o fator letal supremo para os demônios, espelhando a radioterapia, uma forma de energia concentrada usada para aniquilar células cancerosas. Por fim, a recuperação de Nezuko Kamado, a única demônio a retornar à condição humana, é vista como a erradicação definitiva de uma doença, comparável, simbolicamente, à superação da varíola, a única doença infecciosa erradicada através da vacinação.
Lady Tamayo, que também reverte seus poderes, é associada ao vírus da varíola bovina, um agente mais fraco usado historicamente para criar o mecanismo imune necessário contra a doença principal, ou seja, a criação da vacina.