Análise crítica da reta final do mangá de one-punch man e o arco de garou
A conclusão do arco de Garou em One-Punch Man gera questionamentos sobre a mudança de foco da narrativa e o design do vilão.
A jornada de Garou como antagonista principal em One-Punch Man tem gerado intensos debates sobre a direção narrativa da obra no mangá. Críticas apontam que o foco da história se desviou significativamente do desenvolvimento do personagem, transitando abruptamente para uma batalha de escala cósmica, o que alguns observadores apelidaram de "arco de Deus" em detrimento do prometido "arco de Garou".
A metamorfose do design e a perda da temática Oni
Um dos pontos centrais da avaliação reside na evolução visual de Garou. Embora o design final, com suas estrias neon e aparência cósmica, não seja universalmente rejeitado, ele é frequentemente comparado com a versão original, apontando uma simplificação estética. Alguns argumentam que a forma inicial, talvez inspirada em formas demoníacas, dialogava melhor com os temas centrais de One-Punch Man. A monstruosidade em OPM frequentemente reflete o desejo ou o excesso do indivíduo; Garou almejava se tornar o mal absoluto, o que naturalmente o ligava à iconografia demoníaca, conforme visto no webcomic.
A transformação subsequente para o design cósmico, que parece incorporar elementos galácticos de forma quase literal, é vista como um indicativo da substituição do desenvolvimento temático pela introdução de entidades divinas na trama. Esta mudança, segundo os críticos, fez com que o mangá esquecesse a semelhança Oni que fazia sentido dentro da lógica de monsterização da série.
A descaracterização da batalha e os novos poderes
A mecânica de luta de Garou também sofreu alterações significativas. O Garou do webcomic era notável por sua capacidade de ser inatingível, um obstáculo que desafiava o conceito de justiça e poder absoluto sem ser meramente um incremento de força bruta. A introdução de ataques de calibre cósmico, como "bursts de raios gama", afasta o personagem das artes marciais que definiram sua ascensão.
A introdução desses novos poderes, juntamente com eventos como a menção de um pum de Saitama como um momento de impacto, é vista por alguns como excessos narrativos. A narrativa parece adicionar elementos grandiosos - Júpiter, viagem no tempo - sem a sustentação temática anterior, resultando em uma sensação de que "demais é, de fato, demais".
O impacto da viagem no tempo
Talvez o ponto mais controverso seja a introdução da viagem no tempo. Este recurso narrativo é criticado por anular as apostas emocionais da história. O sacrifício de Genos, por exemplo, perde peso dramático quando a solução se resume a reverter o tempo. A história existente anteriormente estabelecia temas profundos sobre justiça, heroísmo e monstro, e a solução tecnológica ou cósmica abrupta parece enfraquecer o impacto desses conceitos filosóficos que antes nortearam a obra.
Em contraste, o desfecho do personagem nos esboços originais, onde até mesmo sua queda de cabelo fazia parte de um impacto temático coeso, é lembrado como um encerramento mais orgânico para o personagem que buscava ser o oposto da justiça, antes que o enredo se movesse para um conflito de escala divina.