Análise crítica aponta contradições no arco de madara uchiha e seu impacto no poder em naruto

A figura de Madara Uchiha, um dos antagonistas centrais do universo Naruto, tem sido objeto de intensa reavaliação por parte dos observadores da obra. Uma análise detalhada de seu arco na narrativa sugere que a introdução do personagem, especialmente em sua forma revivida, gerou consideráveis plot holes ou buracos lógicos, além de ser apontada como um ponto de inflexão onde a escala de poder da série escapou do controle narrativo.

A fragilidade do plano mestre de Madara

Um dos pontos mais debatidos concerne a dependência do plano de Madara em figuras improváveis. O vilão, após ser ressuscitado, teria apostado todo o seu projeto de dominação mundial em duas crianças órfãs, Nagato e Obito. Argumenta-se que depender de Obito para continuar sua doutrinação, sabendo que Nagato inicialmente não partilhava dos mesmos objetivos de revivê-lo, demonstra uma inconsistência estratégica questionável para alguém de sua inteligência.

Adicionalmente, a mecânica da técnica Rinne Rebirth (Rinnetensei no Jutsu) levanta dúvidas significativas. Se essa ressurreição traz o indivíduo de volta em seu estado físico no momento da morte, questiona-se por que Nagato não optou por trazer de volta Madara em sua forma idosa e enfraquecida, ao invés da versão rejuvenescida e em seu auge, que foi a que efetivamente se materializou.

A confiança depositada no futuro também é notável. Madara teria implantado seus olhos de Rinnegan em uma criança de apenas dois anos, Obito, durante o turbulento Período dos Reinos Combatentes, esperando que o garoto executasse um plano complexo décadas depois. Esta é vista como uma aposta de alto risco, beirando a imprudência, considerando-se o cenário de guerra constante da época.

O descontrole da escala de poder

O impacto de Madara no powerscaling, a balança de poder na série, é outro elemento sob forte escrutínio. Antes de sua aparição completa na Quarta Guerra Mundial Shinobi, os confrontos na série frequentemente envolviam táticas, estratégias e a possibilidade de um oponente mais fraco vencer o mais forte através de astúcia. Isso definia a dinâmica dos combates, como visto nos embates entre Sasuke Uchiha e outros ninjas.

Contudo, após ser revivido e obter o Chakra do Sábio dos Seis Caminhos, poder este adquirido após ser atacado pelas nove Bestas com Cauda, sua capacidade de resistência e poder de fogo atingiu um nível que parecia romper a lógica estabelecida. Ele teria sobrevivido ao ataque combinado das Bestas, que deveriam ter sido letais, e, logo em seguida, derrotado todas elas instantaneamente após ganhar o Rinnegan. Tal demonstração de força esmagadora é interpretada como um recurso extremo para aumentar o drama da guerra, desvalorizando o poder de entidades anteriormente consideradas supremas.

A introdução de Madara também é vista como tendo ofuscado outros personagens centrais na condução da trama, como Obito Uchiha, que vinha orquestrando os eventos nos bastidores. O retorno do antagonista original absorveu o foco narrativo, relegando o papel de forçador da trama a um segundo plano.

Em última análise, a reputação de Madara Uchiha como um vilão poderoso, famoso por suas frases de efeito e presença imponente, contrasta com a percepção de que sua construção narrativa se apoiou em conveniências para justificar sua onipotência, culminando num desfecho onde sua aparente derrota final, pelas mãos de Black Zetsu e a subsequente ascensão de Kaguya Otsutsuki, não gerou grande impacto emocional devido a essas falhas estruturais prévias.