Análise crítica aponta inconsistências narrativas na temporada final de attack on titan

A recepção da aclamada série de anime Attack on Titan (Shingeki no Kyojin) frequentemente se divide ao analisar suas diferentes fases, mas a temporada final gerou debates intensos, principalmente devido a questionamentos sobre a lógica interna e o desenvolvimento do arco de Eren Yeager.

O início da narrativa, representado pela primeira temporada, é visto por muitos como um ponto de excelência, quase atingindo o patamar de obra-prima na execução de seu drama e construção de mundo. No entanto, a segunda temporada foi apontada como um ponto de inflexão negativo, com críticas focadas em um ritmo prejudicado, excesso de flashbacks e momentos de gritaria que lembrariam negativamente outras obras Shonen de longa duração, como Naruto ou Dragon Ball Z.

A ascensão e a controvérsia do clímax

A terceira temporada é amplamente creditada como uma significativa recuperação de qualidade em relação à anterior. A alta expectativa atingiu seu pico novamente com as partes iniciais da temporada final, que retomaram o nível de excelência estabelecido no começo da saga.

Contudo, o foco principal da crítica reside nos momentos finais da série. Surge a alegação de que o desenvolvimento da trama dependeu em demasia da habilidade de Eren de exercer uma espécie de controle mental sobre outros eldianos. Essa dependência narrativa levantou suspeitas de uma quebra no estilo estabelecido da obra, que era justamente a ausência de proteções para os personagens principais, o chamado plot armor.

A quebra da imprevisibilidade

Um dos maiores atrativos iniciais de Attack on Titan era a constante ameaça de morte para qualquer personagem, independentemente de sua importância na trama. A súbita mudança, onde a sobrevivência de aliados parecia garantida pela vontade de Eren, é vista como um enfraquecimento do propósito narrativo construído previamente. Questiona-se o sacrifício se o objetivo final era garantir a paz para seus amigos, enquanto mortes cruciais, como as de Marco, Sasha, Erwin e Hange, não foram impedidas.

Pontos específicos do enredo final continuam a gerar controvérsia. A maneira como certos eventos ocorreram, especialmente aqueles relacionados às decisões tomadas por Eren em prol de um final pacífico para seus companheiros, parecem entrar em conflito com sua passividade anterior em relação a tragédias como as perdas sofridas por Levi Ackerman, incluindo a lesão permanente do soldado e a morte de seus companheiros pelas mãos de Zeke Yeager.

Enquanto a premissa sombria e a conclusão pessimista do mundo de Attack on Titan se alinham com o tom geral da série criada por Hajime Isayama, as inconsistências percebidas na mecânica do poder final de Eren sugerem um ajustamento de última hora para conciliar o desejo por um desfecho específico com o legado de imprevisibilidade da série.