Análise aponta contraste na progressão de poder entre os arcos de naruto e boruto: Two blue vortex

A dinâmica de progressão de poder, ou powerscaling, tem sido um ponto central de fascínio e debate entre os fãs de animes shonen de longa data. Uma análise recente sobre a narrativa focou em como os confrontos e os aumentos de força eram orquestrados em Naruto Shippuden, contrastando essa abordagem com o que tem sido apresentado na sequência, especificamente em Boruto: Two Blue Vortex.

No cânone original de Masashi Kishimoto, os desafios pareciam seguir uma lógica de desenvolvimento mais orgânica. Por exemplo, a introdução do Mangekyo Sharingan de Itachi Uchiha estabelecia um patamar de poder significativo, mas ainda havia espaço para que personagens em estágios anteriores, como Sasuke com o Sharingan de Três Tomoe, conseguissem apresentar resistência considerável. A superação de ameaças como Pain, detentor do Rinnegan, se dava através de estratégias inovadoras, como o Modo Sábio de Naruto, indicando que o poder bruto não era o único fator decisivo.

Hierarquia de poder e construções de hype

O legado de Naruto construiu antagonistas com picos de poder muito bem definidos. Desde o Edo Madara, que justificava seu status lendário, até Obito com suas múltiplas habilidades, cada avanço na escala de poder parecia ser conquistado arduamente. Personagens como Naruto no Modo Sábio das Seis Vias e Sasuke com seu Rinnegan eram retratados como o ápice da evolução ninja, com Kaguya Otsutsuki servindo como a barreira final lógica após a fusão das linhagens Otsutsuki.

Essa estrutura hierárquica permitia que o público investisse emocionalmente nos confrontos, pois a diferença de poder, mesmo quando gritante, era justificada pela aquisição de objetos lendários ou transformações baseadas em heranças de chakra, como o Chakra da Árvore Divina.

Dissonância notada em Boruto: Two Blue Vortex

A continuidade da história, focada em Boruto Uzumaki, aparentemente tropeça nesse princípio de coerência. Observadores apontam que a nova fase da narrativa parece apresentar uma desvalorização abrupta das conquistas das gerações anteriores para introduzir novas ameaças em níveis absurdamente altos. A crítica reside na sensação de que escalonamentos de força introduzidos nos novos arcos carecem da justificação narrativa apresentada anteriormente.

Essa discrepância na progressão gera uma sensação de que o legado construído ao longo de centenas de capítulos e episódios está sendo negligenciado. O respeito pela trajetória de personagens centrais parece diluído quando novas forças surgem com capacidades que, comparativamente, tornam os feitos do passado menos impactantes ou mal dimensionados em retrospecto. Esta mudança de foco narrativo tem sido um fator significativo na reação polarizada do público à obra sucessora, gerando questionamentos sobre a direção criativa dada ao universo ninja.