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Análise sobre o desenvolvimento do clímax da ilha dos elfos em berserk pós-retorno de griffith

A conclusão da saga da Ilha dos Elfos em Berserk é posta sob o microscópio devido à sua rápida resolução após o retorno de Griffith.

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Analista de Mangá Shounen

07/11/2025 às 14:32

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O retorno dramático de Griffith, selado no capítulo 364 de Berserk, prenunciou o ápice da longa e complexa fase conhecida como o arco da Ilha dos Elfos. Contudo, a maneira como este clímax foi apresentado, condensado em um volume único, gerou debates consideráveis sobre o ritmo narrativo da obra-prima de Kentaro Miura, que foi continuada por Kouji Mori e o estúdio Gaga.

Uma característica notável das grandes sagas de Berserk é a meticulosidade com que cada etapa da jornada de Guts é explorada. Arcos significativos frequentemente dedicam volumes consideráveis para permitir que cada ponto crucial da trama se desenvolva com a profundidade esperada. Um exemplo frequentemente citado para contraste é o clímax da saga da Falconia, que, dependendo da contagem exata, utilizou aproximadamente quatro volumes e meio para desdobrar seus eventos centrais, dando espaço para a tensão crescer e as consequências se estabelecerem.

A necessidade de respiro narrativo

A crítica central reside na sensação de que a resolução dos conflitos na Ilha dos Elfos pareceu apressada em comparação com o padrão estabelecido por Miura. O arco vinha construindo uma série de revelações e confrontos importantes, envolvendo a introdução de novos aliados e a preparação psicológica dos protagonistas para o inevitável encontro com a nova encarnação da Mão de Deus.

Quando analisamos a estrutura de contação de histórias de Kentaro Miura, percebe-se um apreço pelo detalhe: exaustão física, estados emocionais complexos, e a dimensão política de cada nova localização eram explorados em minúcias. A necessidade de um clímax mais lento na Ilha dos Elfos - permitindo que os personagens processassem o choque do retorno de Griffith e as implicações desse evento para o futuro da humanidade - é algo que muitos leitores sentiram falta na versão publicada.

O impacto da continuidade na obra

A presença de Griffith reintroduz um elemento narrativo de escala épica, elevando imediatamente as apostas para Guts e sua companhia. A Ilha dos Elfos, com sua atmosfera mágica e refúgio temporário, servia como um campo de provas final antes do confronto ideológico e físico que se anuncia. A rapidez com que os pontos finais deste arco foram amarrados pode ter sacrificado o impacto duradouro que um desfecho mais espaçado poderia ter proporcionado, especialmente considerando o peso emocional que a despedida de elfos lendários carrega.

Enquanto a narrativa avança inegavelmente, o debate se concentra em como a gestão do tempo dentro do mangá influencia a percepção da grandiosidade dos acontecimentos. O potencial para sequências mais contemplativas, que ecoassem a cadência habitual do autor, certamente existia para este ponto de virada crucial.

An

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.