Análise aponta grave falta de originalidade na produção da terceira temporada de one punch man
Investigação detalhada da adaptação do mangá revela cópia quadro a quadro, levantando críticas sobre o esforço do estúdio.
Um escrutínio minucioso dos episódios mais recentes da aguardada terceira temporada da animação One Punch Man tem revelado preocupações profundas entre os observadores da indústria sobre a qualidade da produção. A análise focada no quarto episódio em particular sugere um nível de replicação do material original que beira a ausência de trabalho criativo independente.
O ponto central da crítica reside na fidelidade extrema, ou superexposição, à fonte primária, o mangá de autoria de Yusuke Murata e One. Relatos indicam que a adaptação não introduziu sequer um quadro original, reproduzindo fielmente cada painel desenhado no mangá.
Cópia quadro a quadro e problemas de ritmo
A replicação estende-se até elementos de fundo e posicionamento de personagens secundários, mantendo a composição visual idêntica à do papel. Essa abordagem, que desconsidera a necessidade de fluidez inerente à animação, resulta em um ritmo que muitos consideram não natural e excessivamente lento. Cortes abruptos e ângulos de câmera que parecem desconexos são consequências diretas dessa dependência excessiva do layout estático.
Um exemplo citado da falta de injeção criativa ocorreu durante uma cena de refeição comum, onde, em vez de animar a ação de pegar a comida, a produção optou por um efeito visual abstrato, descrito como uma explosão de luz azul sem justificativa narrativa aparente. Enquanto o uso de *still frames* (quadros estáticos) não é incomum na animação, a maneira como foram empregados nesta produção é vista como um sinal de pobreza criativa.
Desrespeito ao processo de animação e ao artista
Um aspecto técnico notado é a potencial omissão de ferramentas básicas de produção, como as pranchas de design de personagens. Em produções de alto nível, estas folhas são cruciais para garantir consistência visual entre os múltiplos animadores envolvidos em diferentes sequências. A discrepância observada no visual dos personagens - que costuma ser sutil no mangá devido à liberdade do traço, mas chocante no meio animado - sugere que o estúdio responsável não utilizou esses guias fundamentais.
Para um observador com conhecimento na indústria japonesa de animação, a existência de um produto final com tal execução é considerada lamentável. A questão levantada é a validade de produzir uma adaptação com tão pouco esforço quando a obra original possui já um grande mérito artístico acessível ao público. A sensação predominante é de desrespeito ao trabalho do artista original, Murata, ao simplesmente regurgitar seu trabalho visual com uma aplicação mínima de energia, adornado apenas com retoques estéticos superficiais, como a adição de filtros em néon ciberpunk.
Mesmo o material primário, o webcomic de One, é apontado como tendo maior criatividade visual e habilidade artística em comparação com o tratamento dado a esta temporada. O consenso entre os críticos é que os espectadores que ainda não tiveram contato com o mangá deveriam priorizar a leitura da fonte, pois a versão animada tem se tornado, na visão de muitos, uma caricatura do material de origem.
Analista de Mangá Shounen
Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.