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Análise aponta fragilidades na utopia de falconia, foco da narrativa atual de berserk

A cidade ideal criada por Griffith em Berserk demonstra uma ausência notável de equilíbrio espiritual e diversidade cultural, levantando questões sobre sua sustentabilidade e autenticidade.

Analista de Mangá Shounen
18/10/2025 às 15:49
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A cidade de Falconia, concebida como o pináculo da paz e prosperidade sob a liderança de Griffith, tem sido alvo de uma análise detalhada por parte dos leitores da obra Berserk. A aparente perfeição da metrópole contrasta com a ausência de certos elementos vitais que historicamente compunham o mundo da série, sugerindo que a utopia é, na verdade, profundamente limitada.

A Exclusão do Elemento Mágico e Espiritual

Um ponto crucial levantado na observação da cidade é a marcante discrepância na população de Falconia. Exceto por Griffith e seus Apóstolos aliados, a cidade é quase exclusivamente habitada por cidadãos comuns de Midland e do Império Kushan. O que chama a atenção é a ausência quase total de criaturas feéricas, espíritos benevolentes ou, notavelmente, feiticeiros.

Enquanto figuras como a feiticeira Flora mantinham laços estreitos com a realeza na época do rei Gaiseric, e os Kushans demonstram ter seus próprios xamãs e magos integrados à cultura e ao exército em arcos recentes, Falconia parece ter purgado esses elementos. A única exceção notável são figuras como Sonia, que demonstra uma devoção beirando o fanatismo a Griffith, e Daiba, que aparece brevemente acompanhado de sua criatura de estimação. A incapacidade de se comunicar com espíritos ou buscar orientação espiritual parece ser uma característica intrínseca do novo local.

Um Espaço sem Cultura Própria

Essa homogeneidade social e espiritual leva a uma percepção de artificialidade. Falconia não parece ter desenvolvido uma cultura própria robusta; em vez disso, ela se assemelha a uma gaiola dourada, um palco montado exclusivamente para a performance de Griffith. Mesmo a magia exercida por Griffith para manipular a realidade, como trazer brevemente mortos à existência, é vista mais como um ato de controle mental ou gaslighting do que como um verdadeiro auxílio à população.

Comparações são inevitáveis com eras passadas. Durante o reinado do Rei Esqueleto (Gaiseric), havia uma coexistência, ainda que tensa, entre humanos e elementos mágicos. A presença de Flora, por exemplo, demonstra que a magia sempre fez parte da tapeçaria daquele mundo, mesmo quando marginalizada ou incompreendida.

O Papel Silenciado dos Espiritualistas

A ausência de rituais espirituais evidentes é particularmente intrigante. Imaginar um cenário onde aldeães antigos, como aqueles que tiveram contato com Guts e sua equipe após o ataque dos trolls, tentassem invocar ou pedir auxílio a um espírito em Falconia forneceria um teste de fogo para a alegação de perfeição da cidade. Tal tentativa provavelmente seria impedida pelos Apóstolos ou simplesmente falharia sob o controle de Griffith, evidenciando o quão dependente a cidade é da influência direta do Falcão.

A chegada futura de personagens com um profundo entendimento da magia e do submundo, como a bruxa Shierke, que busca Casca, promete ser um momento decisivo. O choque cultural e a percepção de que essa suposta paz é construída sobre o silenciamento de toda a dimensão mística revelará a verdadeira fragilidade por trás da fachada de perfeição de Falconia.

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Tags:

#Berserk #Griffith #Falconia #Apóstolos #Espíritos

Analista de Mangá Shounen

Especializado em análise aprofundada de mangás de ação e batalhas (shounen), com foco em narrativas complexas, desenvolvimento de enredo e teorias de fãs. Experiência em desconstrução de arcos narrativos e especulações baseadas em detalhes canônicos.

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