A ambiguidade moral das formigas quimera no arco narrativo de hunter x hunter
Análise sobre a natureza das formigas quimera e a comparação com a maldade humana na obra de Yoshihiro Togashi.
O arco das Formigas Quimera em Hunter x Hunter é amplamente aclamado por mergulhar em complexas questões éticas, mas a linha divisória entre a monstruosidade inerente e a civilidade humana é frequentemente alvo de debate. Uma leitura atenta da saga sugere que a dicotomia não é tão simples quanto colocar os humanos como vítimas puras e os insetos como o mal absoluto.
A natureza intrínseca do predador
As formigas quimera, desde o seu nascimento, são retratadas como seres impulsionados pela sobrevivência e pela expansão, muitas vezes desdenhando a vida de seus próprios semelhantes. Sua ausência de empatia, especialmente nas fases iniciais, contrasta visceralmente com os padrões morais estabelecidos pelas sociedades humanas. O ponto central desta reflexão é se essa crueldade é simplesmente instintiva ou se reflete uma capacidade inata para a violência que a civilização tentou, sem sucesso total, suprimir na humanidade.
A comparação direta, no entanto, revela um desequilíbrio fundamental. Enquanto as formigas quimera caçam e consomem espécies menos evoluídas, seres humanos reconhecem, em sua estrutura social, que alvejar outros indivíduos inteligentes é um erro moral. A narrativa sugere que o instinto animal das quimeras não possui a mesma barreira ética que a evolução social impôs aos humanos. Não é comparável a ausência de clemência para com um gado, como uma vaca ou um porco, que não possui a capacidade de apelo racional, com a desumanização praticada em escala industrial ou bélica.
A maldade revelada na razão
A extrema brutalidade exibida por personagens como Meruem em seus estágios iniciais serve como um catalisador para esta análise. O Rei das Quimeras representa a pura expressão do poder sem a tutela da moralidade. A jornada da espécie, no entanto, introduz nuances, especialmente quando começam a se desenvolver capacidades intelectuais e emocionais, questionando se a mudança se deve à influência externa ou à própria maturação da sua espécie.
O argumento que emerge é que a história não pretende apresentar os humanos como a personificação da bondade. Pelo contrário, ela utiliza o choque com as formigas quimera para expor a capacidade humana para a maldade, mesmo em um contexto de maior refinamento social. A sofisticação da civilização não erradicou a crueldade; ela apenas a revestiu com justificativas mais complexas e organizadas.
Portanto, embora as formigas quimera sejam predadores natos e sem remorso, o ponto de partida moral entre as duas partes é diferente. A luta se torna um espelho, mostrando que a maldade humana, embora operando sob um verniz de civilidade, pode atingir níveis de destruição igualmente aterrorizantes, mas originada de um ponto de partida consciente e racional, e não puramente instintivo. Explore mais sobre a filosofia por trás das obras de Yoshihiro Togashi para entender melhor essas complexidades.