Aceleração de ritmo em 'demon slayer': A jornada de tanjiro e a constante busca por desenvolvimento de personagem no shonen moderno
O ritmo da narrativa de Demon Slayer tem gerado discussões sobre a profundidade dos arcos de treinamento e a velocidade do desenvolvimento de habilidades dos protagonistas.
A adaptação animada de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba conquistou o público global com sua animação espetacular e ação visceral, mas a maneira como a história avança em seus estágios iniciais levantou questionamentos sobre o ritmo da progressão dos personagens.
Para espectadores imersos no início da jornada de Tanjiro Kamado, há uma sensação de que eventos cruciais para a formação do herói são condensados em tempo de tela mínimo. Arcos narrativos que, tradicionalmente em animes do gênero shonen, ocuparíam múltiplos episódios para estabelecer a dificuldade e o impacto do esforço, parecem ser resolvidos em um único capítulo.
A contração do treinamento
Um ponto de foco reside na disparidade entre o tempo dedicado ao treinamento e o tempo de tela efetivo. O período extenuante de dois anos de preparação de Tanjiro para conseguir cortar a rocha, por exemplo, é abordado de maneira muito sucinta. Da mesma forma, a Seleção Final, um teste de sobrevivência de sete dias, é concluída rapidamente, sem oferecer o espaço necessário para sentir o peso psicológico e físico de tal provação.
A introdução das técnicas de respiração, como o Estilo da Água, também parece carecer de um aprofundamento orgânico. A transição de um esgrimista comum para alguém que executa movimentos visuais impressionantes, característicos de técnicas especiais, ocorre de forma abrupta. A sensação é de que o desenvolvimento não é conquistado através de um processo gradual e detalhado, mas sim apresentado como um fato consumado: “Ele treinou. E agora ele pode fazer aquilo”.
Comparativos com o desenvolvimento de poder
Essa abordagem se choca com o que muitos fãs associam aos animes clássicos de longa duração, como Dragon Ball Z ou Hunter x Hunter, onde os arcos de treinamento eram extensos e serviam para cimentar a conexão do público com a maestria gradual alcançada pelo protagonista. No entanto, a análise se complexifica quando comparada a títulos mais recentes.
Apesar do ritmo frenético na construção de poder, a ação visual é inegavelmente um ponto forte da série, mantendo o engajamento mesmo quando a explicação narrativa cede espaço à coreografia de combate.
Mesmo animes com um histórico de duração menor, como My Hero Academia, logram equilibrar melhor a progressão de poder com o investimento emocional nos personagens, embora também utilizem recursos como flashbacks em momentos de alta tensão. A questão central, portanto, reside em saber se a série consegue injetar a devida substância no desenvolvimento de Tanjiro, mesmo que o tempo de tela dedicado ao esforço seja reduzido.
Apesar das preocupações iniciais sobre a compressão de eventos, a expectativa de quem acompanha a obra é que a narrativa encontre um ponto de equilíbrio, permitindo que a profundidade dos arcos futuros recompense o espectador pela velocidade inicial, aprofundando a mitologia e as habilidades dos Caçadores de Demônio.